DÁLIA NEGRA
Elizabeth Short era bela moça que almejava o sucesso e alcançou a fama de uma forma bem fúnebre. Conheça uma das histórias mais misteriosas de Hollywood. Um eterno caso sem solução, o Caso Dália Negra.
QUEM
ERA ELIZABETH SHORT?
Elizabeth
Short nasceu em Hyde Park, subúrbio de Boston, a 29 de julho de 1924
e vivia com sua mãe em Madford, Massachusetts. Filha de Cleo e
Phoebe Short, possuía mais quatro irmãs. Seu pai, Cleo, abandou a
família em 1930, e então a Sra. Phoebe assumiu sozinha os encargos
de criar as cinco filhas. Em 1942, Elizabeth Short era uma jovem
muito atraente e estava cursando o segundo ano do ensino médio
quando resolveu abandonar tudo e seguir para Miami, onde conseguiu um
emprego de garçonete. Em Miami conheceu o major aviador Matt Gordon
Jr., com quem passou a se corresponder com frequência.
Em
janeiro de 1943 viajou para Santa Barbara, California, onde conseguiu
um emprego no Posto de reembolsável da Base Militar de Camp Cook.
Sua permanência aí também foi curta, pois descobriu que seu pai
vivia em Villejo, localidade próxima onde ela estava. Numa
aproximação com o pai, acabou indo morar com ele, mas como a
convivência entre ambos não foi satisfatória, Beth retornou para
Santa Barbara em setembro de 1943.
A
jovem admirava a farda militar e gostava de frequentar os bares e
clubes noturnos, onde ficava rodeada de militares. A 23 de setembro,
logo ao retornar a Santa Barbara, foi presa por consumir bebida
alcoólica; ela tinha apenas 19 anos. Em acordo com as autoridades,
foi liberada para retornar à casa de sua mãe em Madford.
Durante
todo o período da guerra continuou escrevendo para seu namorado, o
major Gordon, e, em abril de 1945, ele a propôs casamento. Beth
estava pronta para ser a esposa de um oficial e levar a vida que ela
planejara para si, por isso aceitou o pedido.
Esta
estória poderia parar por aqui com um “...e viveram felizes para
sempre...”, contudo quando o major Gordon retornava para casa no
inverno de 1945 sofreu um acidente na Índia e morreu.
Desorientada
saiu de casa novamente para a Florida, arranjando um emprego, também
de garçonete, em Miami Beach. Novamente, desiludida retornou a
Madford em fevereiro de 1946. Desta vez foi trabalhar como caixa num
cinema. Este trabalho deve ter acendido suas esperanças de
sucesso, pois era uma jovem muito bonita e gozava de certa liberdade,
não seria difícil imaginar uma carreira promissora como atriz em
Hollywood. Assim, partiu em abril daquele ano para a California com
destino ao glamour de Hollywood.
Em
Hollywood passou por várias pensões e hotéis, dividindo quartos
com diversas outras garotas durante todo o restante do ano de 1946.
O
sonho de estrear no cinema, ostentando um nome artístico famoso
seria realizado, mas não em vida. Até então ela era apenas
Elizabeth Short, vista com vida pela última vez a 9 de janeiro de
1947 ao sair do bar do Hotel Biltmore.
O
CASO DÁLIA NEGRA
O
caso do assassinato da Dália Negra tomou vulto e notoriedade jamais
superados no século XX. É verdade que as circunstâncias e
componentes do caso são traumáticos: assassinato de uma jovem tão
bonita, a crueldade aplicada tanto na morte quanto na mutilação
posterior do corpo, a falta de pistas do criminoso, etc. Contudo,
podemos apontar como um dos fatores determinantes para a notoriedade
do caso, o grande envolvimento da imprensa.
De
fato, a rápida chegada da imprensa ao local, com possibilidades de
fotografar o cadáver antes que a polícia fizesse seu isolamento e a
fácil aceitação do LAPD (Departamento de Polícia de Los Angeles)
da contribuição da imprensa no caso, manipulando evidências (e
noticiando-as também), permitiu a divulgação do caso numa escala
jamais vista. Exemplo disso é o fato de que a tiragem do jornal Los
Angeles Examiner no dia 16
de janeiro foi a maior deste jornal, somente superada pela edição
especial do dia da Vitória.
Outra
contribuição da imprensa para o caso que definitivamente o tornou
uma notoriedade foi o nome dado à vítima, Dália Negra. Elizabeth
Short em vida nunca teve um nome artístico, porém o nome que a
imprensa lhe deu jamais será esquecido. Este nome provavelmente foi
inspirado num romance de Raymond Chandler,The Blue Dahlia,
que retratava uma estória de assassinato e mistério; e fora filmado
em Los Angeles no verão de 1946.
A
“contribuição” da imprensa aparentemente prejudicou muito o
curso da investigação, haja visto que logo após ser noticiado
várias pessoas se entregaram à polícia de Los Angeles alegando
serem os verdadeiros assassinos da Dália Negra, confundindo o curso
da investigação e gastando muitas horas-homem de cansativas
investigações. Levando-se em conta que mais de 50 pessoas assumiram
a autoria do crime, o trabalho dos investigadores quase se inverteu,
deixando de procurar provas que incriminassem determinado suspeito
para procurar provas que inocentassem o suposto assassino réu
confesso!
O
ASSASSINO
Muitos
anos após, e estando quase esquecido o crime, um detetive aposentado
do LAPD, chamado Steve Hodel lançou novas luzes sobre o caso. Em
1999, após a morte de seu pai George Hodel, encontrou um
intrigante álbum de família composto por fotos de pessoas que
aparentemente significavam muito para ele e que guardara com muito
cuidado durante várias décadas. As pessoas que apareciam nas poucas
fotos eram duas de suas ex-esposas, alguns de seus filhos, a nora (do
primeiro casamento de Steve) e, curiosamente, duas fotos de Elizabeth
Short, aparentemente pouco tempo antes do assassinato. Em uma destas
fotos, Elizabeth Short aparentemente estava nua ( a foto fora
recortada para ficar do mesmo tamanho das demais e mostrava apenas
seu rosto e parte dos ombros nus).
Desde
este momento Steve iniciou um intenso trabalho de investigação
sobre seu pai, George Hodel, o qual praticamente desconhecia, pois o
estilo de vida e a postura distante da família que assumira durante
toda a sua vida formava uma verdadeira muralha em volta de seu
caráter e de seus atos durante toda a sua vida. Suas descobertas
foram assustadoras, revelando George Hodel como um homem excêntrico,
de extrema inteligência e capaz de realizar atos dos mais brutais já
imaginados. As diversas ligações de George Hodel com o caso (embora
circunstanciais) parecem não deixar dúvidas de que ele foi
realmente o autor deste bárbaro crime, além de muitos outros. No
entanto viveu livre e confortavelmente até os últimos de seus dias
com mais de 91 anos.
GEORGE
HODEL
Desvendar
George Hodel foi uma tarefa que demandou muitos anos de investigação
de seu filho Steve Hodel. O resultado de suas pesquisas foram
inicialmente divulgadas no seu livro The Black Dahlia Avenger,
lançado em 2003 nos Estados Unidos.
George
Hill Hodel Jr., filho de imigrantes russos, nasceu em Los Angeles em
1907. Seus pais se preocuparam muito com sua formação intelectual e
educação formal. Aos 9 anos de idade já era um exímio pianista e
fora escolhido para dar um recital para a comissão belga que fora
aos Estados Unidos para as celebrações aos franceses. Seu QI
excepcional, 186, situava-se um ponto acima do de Albert Einstein, o
que lhe rendeu vários anos no programa de pesquisa de QI do Dr.
Lewis Terman.
Em
1923, com apenas 15 anos, ingressou no California Institute of
Technology em Pasadena. Porém, sua prodigiosa carreira como
engenheiro químico foi interrompida pela sua expulsão resultante de
sua tendência para o lado obscuro da vida (as razões são incertas,
informa-se que foi por motivo de ter engravidado a esposa de um
membro da faculdade ou por jogar poker, jogo proibido).
Trabalhou
inicialmente como motorista de taxi e em outros pequenos empregos.
Trabalhou também como jornalista, porém em 1928 ingressou no
programa médico da University of California em Berkeley, onde se
graduou em 1932. Por volta desta época, estava casado com Emilia,
sua primeira esposa, e já tinha um filho chamado Duncan, quando
então conheceu Dorothy Anthony. Seu poder persuasivo convenceu as
duas mulheres em reunir todos numa única família. Dorothy deu à
luz uma filha, Tamar.
Por
volta de 1939, estava trabalhando no L. A. Country Health Department,
já desvencilhado de Emilia e Dorothy, passou a viver com outra
Dorothy, Dorothy Huston, a quem chamava de Dorero para que seus
amigos não confundissem com sua esposa anterior. Desta união
nasceu Steve e outros dois irmãos. Futuramente se casaria com June,
sua última esposa.
Em
1945 foi admitido na UNRRA (United Nations Relief and Rehabilitation
Administration), indo trabalhar, no início de 1946, na China. Lá,
embora fosse civil, possuía o posto honorário e as honras de
general de três estrelas. Retornou a Los Angeles em setembro de
1946.
Algumas
de suas amizadas demonstram bem o seu estilo de vida. Sua grande
vocação para fotografia o aproximou do famoso artista surrealista
Man Ray, o qual mantinha contato muito próximo, com prolongadas
reuniões noturnas regadas a whisky e a entorpecentes, como cocaína.
O próprio George Hodel pousou para várias fotos de Man Ray.
Em
1949, apenas dois anos após o assassinato da Dália Negra, George
Hodel foi preso por estuprar sua filha, Tamar, de apenas 14
anos.
Tamar
contou à polícia que George a drogou e a obrigou a fazer sexo oral
com Fred Sexton que, em seguida, copulou com ela; tudo na presença
de George e mais duas mulheres. Da mesma forma, após Sexton, George
Hodel também a obrigou a fazer sexo oral e copular com ele. Ainda
contou que, na sequência, uma das mulheres fez sexo oral com a
garota. Tamar também contou que meses antes fizera um aborto
patrocinado por seu pai George Hodel.
Durante
o julgamento, Fred Sexton admitiu ter feito sexo com Tamar, também
uma das mulheres que os acompanhavam admitiu ter feito sexo oral na
garota.
O
processo que fora um grande escândalo em Hollywood, e figurava como
uma condenação certa por incesto, sofreu um grande revés. George
Hodel ao testemunhar convenceu a todos de que era apenas uma sessão
de hipnose onde nada de mais acontecera; que Tamar era uma mentirosa
compulsiva e seu lugar não era perante o júri e sim numa clínica
psiquiátrica; além de afirmar que as testemunhas que admitiram o
caso o fizeram apenas porque lhes haviam oferecido um acordo para
prendê-lo (o acordo com a justiça realmente existia, embora fosse
para confessarem e não mentir). O final foi a absolvição de Hodel
e a completa desmoralização de Tamar.
Décadas
depois, a filha de Fred Sexton afirmou a Steve Hodel que sabia que
Tamar não estava mentindo pois seu pai a violentara diversas vezes
entre os 8 e 14 anos de idade.
DÁLIA
NEGRA NO CINEMA
Finalmente,
depois de mais de cinco décadas de sua morte, Elizabeth Short
realizou seu sonho, estreando nas telas de Hollywood com um filme que
carrega seu “nome artístico” de grande força: Black Dahlia.
O
romance não procurou retratar a vida de Elizabeth Short e sim as
consequências (principalmente psicológicas) do seu assassinato para
a vida de Los Angeles, mas especificamente de Hollywood.
Atualmente
já se sabe o bastante sobre a vida de Elizabeth Short e de George
Hodel (mais aceito como possível assassino), sendo assim uma nova
produção na “grande tela” mais baseada na história real
certamente poderá causar maior impacto que o atual filme
baseado no romance de James Ellroy.
Causa
da Morte:
A
causa de sua morte foi "hemorragia e choque de concussão
cerebral e lacerações no rosto, devido a vários golpes com um
instrumento contundente (assassinato).
Depois que ela
morreu, seu corpo foi cortado ao meio pela cintura, com um
instrumento afiado semelhante à um bisturi cirúrgico, e com tal
precisão, que aparentemente o trabalho teria sido feito por um
médico com formação profissional.
Sepultamento:
Mountain
View Cemetery.
5000 Piedmont Ave -Oakland -Alameda County.
Quadra
66 - Sepultura 798.
California - USA.
A
Dália Negra, AHS: Murder House
A
personagem Elizabeth Short (Mena
Suvari),
conhecida como The Black Dahlia, faz uma participação especial na
primeira temporada de AHS.
A personagem morre logo após entrar na casa. Short, na vida real,
foi uma aspirante a atriz que mudou para Los Angeles e encontrou seu
trágico fim em 1947. Seu assassinato continua sem solução, e
inspirou décadas de filmes, livros e conspirações, incluindo o
longa Dália
Negra,
de Brian
De Palma.
Veja a seguir um vídeo sobre o caso: